Encontro em Curitiba celebra o cinquentenário da Puma,
montadora que manteve o sonho do carro brasileiro
O capítulo escrito pelo Brasil na história da indústria
automobilística é curto, mas há um nome que destoa dos demais na tentativa de
viabilizar um carro nacional. Há 50 anos, a Puma surgiu como uma marca de
veículos para competição. Mas os esportivos foram além e em mais de 30 anos
alcançaram cerca de 23 mil unidades, com produção no exterior e diversos
modelos exportados, fato que a tornou uma das montadoras brasileiras que mais
resistiram às turbulências econômicas.
Para lembrar a data, o Puma Club do Brasil, com o apoio do
Clube de Automóveis e Antiguidades Mecânicas do Paraná, realiza de 17 a 19 de
outubro o 10º. Encontro Nacional do Puma. O evento será aberto ao público e
terá a exibição de veículos e a entrega de prêmios. As inscrições para os expositores
podem ser feitas até a próxima sexta-feira por e-mail ou no local do encontro
(leia mais no serviço).
Para montar um Puma, a receita era simples: pegavam-se os
chassis e a mecânica da VW ou da GM de um lado e fabricavam-se carrocerias em
fibra de outro. Com isso, o resultado eram carros com visual esportivo, preços
mais acessíveis que os importados e de manutenção barata. “O que fez com que a
Puma sobrevivesse foi o design e o preço mais em conta em comparação com os
importados. No Brasil, um modelo conversível era equivalente ao valor de um
Ford Galaxie, que não era barato. Mas a mecânica, que usava chassis de Brasília
e de outros carros encurtados, sim”, conta o membro do Puma Club e um dos
organizadores do evento Sérgio Emílio Tempo.
Apaixonado pela marca, Tempo possui um Puma GTS conversível,
que comprou no início dos anos 2000. Mas o primeiro cupê que levou para a
garagem foi adquirido em 1985, depois de considerar outros descapotados
populares da época. Já o vice-presidente do clube, Tonico Karas, possui três:
um GTS 80, um GTB 80 e um GT 1.600 1971, que aguarda para o restauro. “O
primeiro que comprei foi há 34 anos, mas tive que me desfazer depois de a minha
esposa engravidar. Eu tive outros carros mais para frente, mas quem tem um Puma
uma vez sempre quer ter de novo”, afirma Tonico, que ‘regressou’ à marca nos
anos 2000.
Retorno valorizado
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, a Puma se garantiu com
as vendas aos mercados local e internacional. Entretanto, a pressão das várias
crises sofridas pelo Brasil fizeram com que a empresa se endividasse e passasse
o controle ao grupo curitibano Araucária S.A., em 1986. O resultado foi a
transferência da linha de montagem para o bairro Cidade Industrial e a produção
em série na capital paranaense, que durou até 1999, sob a tutela da empresa
Alfa Metais, que adquiriu os direitos da marca em 1988.
Antigo diretor da empresa e dono da restauradora Doutor
Puma, Rubens Rossatto Filho vê a alta dos impostos como uma das razões para a
derrocada da fabricante. No entanto, embora ela tenha fechado as portas, o
empresário afirma que a reforma dos cupês está em alta no momento. Hoje, o
custo médio de um Puma é de cerca de R$ 25 mil para os modelos mais populares,
como o GTS 80. Já os veículos restaurados podem chegar a até R$ 35 mil. E de
acordo com Rossatto, a demanda pelo serviço da oficina vai até 2018.
10º. Encontro Nacional do Puma
• Data: 17 a 19 de outubro
• Horários: Sex. 13h às 17h. Sáb. 9h às 17h e Dom. 9h às
13h.
• Endereço: Museu do Automóvel. Av. Cândido Hartmann, 2300,
Mercês. Parque Barigui.
• Entrada: R$ 5.
• Inscrições: R$ 150.
• Informações: pumaclubsergio@yahoo.com.br
*Fonte: Gazeta do Povo